Com forte acento autoral, a mistura fina de diversos elementos, cores, texturas, estilos e culturas transborda pelas paredes do QG doméstico de Maurício Arruda. Sem modismos, povoado por peças de design de nomes consagrados no cenário atual e vintage cuidadosamente pinçadas pelo anfitrião, além de objetos assinados pelo próprio, o apartamento passou por completa transformação e reflete, por meio dessas escolhas estéticas e ergonômicas, suas paixões e sua forma de enxergar o mundo, de dentro para fora e de fora para dentro.
Cada ambiente foi pincelado com uma cor: para a biblioteca, o preto – adotado na estante que abriga uma enorme coleção de livros; para o quarto, o verde; para a cozinha, o cinza; e para a sala de estar, o azul – o mesmo que salta de seus olhos grandes e expressivos. Segundo o arquiteto e designer, que imprimiu as digitais, a personalidade e as memórias afetivas em cada cantinho deste refúgio, conforme a iluminação da sala varia, o azul vai ganhando outros matizes até se transformar em outra cor.
Fotografias, gravuras e pinturas que reúnem assinaturas como Hércules Barsotti, Terry Richardson, Marepe, Ernesto Bonato, Maurício Parra e Felipe Morozini, têm seu espaço reservado no mise-en-scène onde nada é cenográfico. Maurício, um dos maiores entusiastas do excelente desenho brasileiro, não deixou de fora peças icônicas de Sérgio Rodrigues, como a poltrona Mole e as Paraty, aqui em versão explosiva – e corajosa – com tecido amarelo vibrante.
Na sala de jantar, a mesa em jacarandá abriga cadeiras que vão do retrô ao contemporâneo: o arquiteto optou por seis modelos diferentes para fazer um composê, no mínimo original. Tal e qual são os seus dias, dentro e fora de casa. Tanto da dele, quanto daquela que desenha para os outros.
A casa é espaço de memórias e, um bom projeto, deve abrir espaço para a história de seus moradores.