A integração dos espaços, a racionalidade das formas e a exaltação dos materiais puros formam o tripé que dá firmeza ao movimento modernista – e todos se reúnem neste apartamento paulistano de 150 m². O desejo de enaltecer esse movimento arquitetônico tão importante partiu dos proprietários, que já tinham peças marcantes do design dos anos 1960 em seu acervo pessoal.
Depois de tratados para que ficassem à mostra, os pilares de concreto se tornaram marcantes no projeto, assim como o granilite que reveste as áreas úmidas e o piso de madeira ebanizado, destaque no espaço social. O volume azul na sala é um grande painel que emoldura a lareira e os acessos para o lavabo, a suíte e o escritório.
A generosa abertura das esquadrias que vão do piso ao teto deixa entrar luz natural de sobra. Tanta claridade disponível era o que bastava para permitir o tingimento dos tacos originais de preto. O processo de ebanização solucionou as manchas do antigo assoalho e trouxe um clima mais contemporâneo para o apartamento. Sob a TV, o banco de palhinha tem o traço de Gustavo Bittencourt. Já diante da cortina, o grande banco que vai de um canto ao outro da sala é desenho nosso, com acabamento de lâmina de sucupira. A poltrona reestofada com veludo amarelo é obra de Zanine Caldas que já pertencia ao casal.
Este volume azul aponta os caminhos de uma boa distribuição. À esquerda, ele se abre para o lavabo, enquanto à frente ele dá acesso para a suíte. À direita, duas funções: além de colorir o estar, ele é o fundo para a marcenaria do home office, ambiente que fica atrás da lareira. Tudo feito com o MDF padrão Azul Mineral, da Formica.
Com luz de sobra entrando pelas janelas da sala e da cozinha, o preto tornou-se uma cor de relevância no projeto. Aqui ele aparece no piso de taco ebanizado e, ao fundo, na marcenaria da cozinha, que usa um MDF com textura de madeira. As cadeiras Lucio, homenagem que Sergio Rodrigues fez ao amigo que desenhou o Plano Piloto de Brasília, vieram da Dpot direto para a sala de jantar.
Espaços integrados e materiais de acabamento em destaque criaram um belo pano de fundo para os móveis de design modernista que os moradores colecionam
Os materiais puros à mostra, princípio do modernismo, ganham força na cozinha. O piso é de granilite preto e faz par com a marcenaria de MDF com padrão de madeira ebanizada. A bancada úmida e seu frontão tiram partido do aço inox, enquanto a que faz a ligação com a sala aproveita o aglomerado de quartzo. No caminho para a lavanderia, o vidro aramado fecha a passagem.
Usamos vidro espelhado no fechamento do boxe para deixar o banheiro social com cara de lavabo. A beleza do granilite que preenche piso e paredes se multiplica graças às portas do boxe. O espelho acima da pia é uma obra de arte de George Nelson para a Vitra.
Quando recebem visitas, o escritório se converte em quarto de hóspedes graças ao sofá-cama com a base extensível de Guilherme Wentz para a Carbono Design. Luminária de piso da Lumini. A peça maior, no canto da parede, joga a luz para cima e veio da Reka. E a escrivaninha de madeira tem desenho de Lufe Gomes para a Mezas.
O pequeno corredor que dá acesso à suíte ganhou um armário de apoio revestido com lâmina natural de freijó. Já a mesa de cabeceira usa pau-ferro no acabamento, contraste elegante com o piso escuro e com a cabeceira de tecido cinza. A vista geral do quarto mostra ainda o abajur de Gaetano Pesce sobre mesa baixa da Iludi. Ao pé da cama, restou espaço para um pequeno canto de leitura como a poltrona rosa da Lider Interiores.
Lâminas de freijó natural separam a área de dormir do banheiro com ares de spa. A sala de banho ocupa o espaço de um antigo quarto, agora inteiramente dedicado ao autocuidado. O acesso se dá pelo canto de vestir, com armário preto de um lado e espelhado do outro. O banheiro em si tem a bancada dupla e bacia à esquerda, banheira ao centro e boxe com duas duchas à direita.